Socialização com a matilha by Tiago Mendonça

Socialização – a importância para o desenvolvimento do cão

Introdução

Os cães, à semelhança do ser humano, são mamíferos sociais obrigatórios. Isto significa que dependem de relações sociais para a sobrevivência. Estas relações são tanto intraespecíficas (com indivíduos da mesma espécie) como interespecíficas (com indivíduos de outras espécies, nomeadamente o ser humano).

As relações sociais são elos que ligam dois ou mais indivíduos no seio de um grupo. Apesar de parecerem naturais ou inatas, estas relações são criadas, desenvolvidas e mantidas através de séries de comportamentos que os cães aprendem durante o seu desenvolvimento. Esta aprendizagem, fundamental para o bom desenvolvimento de um cachorro e para o seu equilíbrio emocional enquanto adulto, é feita desde cedo, mas requer continuidade ao longo da vida.

Período de socialização

O período de socialização, do qual muito se ouve falar, é muito importante no desenvolvimento dos cães. Em regra, este período acontece entre as 6 e as 12 semanas de idade.

A importância deste período prende-se com a flexibilidade do sistema nervoso ainda em desenvolvimento. Apesar dar o nome de período de socialização, é também neste período que devemos expor os animais a diversos estímulos, potencialmente indutores de medo, nomeadamente estímulos sonoros, visuais, olfativos e táteis. Nesta fase, os cachorros, vão estar mais dispostos a explorar o mundo que os rodeia, apresentado níveis reduzidos de medo face a um estímulo desconhecido. Por outras palavras, a curiosidade, em condições adequadas, supera o medo durante o período de socialização. No entanto, é também uma fase perigosa se o maneio for desadequado, aumentando o risco de serem criados medos que ficarão para toda a vida do animal ou cujo tratamento será longo e os resultados obtidos poderão nunca chegar ao desejado inicialmente.

Período de socialização pré-adoção

Aconselha-se a adoção dos cachorros depois da idade de 8 semanas para dar oportunidade ao cachorro de aprender com os seus irmãos(ãs) e com a progenitora os comportamentos sociais da espécie e o controlo da força da mordida. Assim, das 6 às 8 semanas, pode considerar-se que os cachorros estão a realizar a primeira abordagem à socialização intraespecífica.

Os criadores têm um papel fundamental a desempenhar neste período, nomeadamente o início da socialização interespecífica (pessoas e outros animais) e a estímulos potencialmente indutores de medo. Esta exposição deve ser feita em condições controladas para prevenir futuras reações de medo e para prevenir a transmissão de doenças visto que os animais não se encontram ainda vacinados. Os criadores devem ter conhecimento sobre como realizar estes procedimentos.

Período de socialização pós-adoção

Após a adoção, os novos proprietários, devem expor os animais ao maior número de estímulos possíveis. Estes estímulos incluem estímulos sociais, sonoros (ex: barulho de secador de cabelo, aviões, aspirador, entre outros), visuais (ex. viaturas, bicicletas, entre outros), olfativos (ex: odores de plantas ou outros que os animais poderão encontrar durante a vida) e táteis (ex: escovas, pisos variados, entre outros).

O princípio é de estimular o animal o mais possível. É nesta fase que os cães vão desenvolver todas as ferramentas para comunicar com outros cães, mas também vão aprender a linguagem corporal e verbal do ser humano. É importante que o cão tenha o maior contacto possível com outros cães, tanto da mesma ninhada e idade, mas também com animais com outras conformações físicas (outras aparências raciais). Não deve ser esquecido também a importância de socializar o cão com pessoas o mais diversas possível (ex: senhores com e sem barba, com e sem chapéu ou senhoras com ou sem óculos de sol, etc.).

Deve aconselhar-se com o seu Médico Veterinário quanto ao programa vacinal para que o seu animal possa começar a contactar com outros animais tão cedo quanto possível, idealmente às 8 semanas. Uma opção é favorizar contactos com animais vacinados, de pessoas conhecidas, em ambientes controlados. A maioria dos criadores asseguram um protocolo vacinal adequado nos seus animais. Assim, uma boa opção para socializar o seu animal, até que o protocolo vacinal esteja completo, é fazê-lo através do criador do seu animal.

A função dos criadores vai além da produção de cachorros saudáveis à nascença. Uma das tarefas mais importantes dos criadores é o acompanhamento dos cães da sua criação ao longo da vida. Não significa que tenham de ser a solução para todos os problemas que o animal vai encontrar ao longo da vida, no entanto devem ser bons conselheiros e estar alertas para problemas que possam aparecer mais tarde na vida do animal e que tenham importância para a sua criação.

Os criadores têm a obrigação de promover eventos para facilitar a socialização dos cachorros da sua criação. Estes eventos são benéficos porque, à priori, promovem o encontro de animais com o mesmo estatuto vacinal ou com protocolos vacinais completos.

Alguns criadores dispõem de uma matilha (grupo de cães). A socialização dos cães em matilha apresenta inúmeros benefícios, dos quais a aprendizagem por imitação é de salientar. Os cachorros vão aprender a interagir, a gerir a frustração, a respeitar as regras de comunicação e a estabelecer limites dentro de um grupo.

Um grupo social tende a proteger a estabilidade do mesmo. Os conflitos são maioritariamente evitados ou apaziguados num grupo social, pois estes representam um custo para a sobrevivência do mesmo.

Um cachorro pode aprender direta ou indiretamente numa matilha. Quando um indivíduo assertivo estabelece reage negativamente a um cachorro, esta regra pode ser aprendida pelo cachorro envolvido, mas também por outros que observaram a situação. A título de exemplo, um cão que não aceita que um cachorro “A” lhe salte para cima, poderá rosnar para o avisar. O cachorro “A” vai deixar de saltar porque aprendeu que não era aceitável, mas o cachorro “B”, que observava a situação, vai também deixar de saltar para cima desse cão. A isto chama-se aprendizagem social ou por imitação.

Socialização em animais adultos

A socialização é um processo dinâmico, ou seja, em constante mudança. Assim, mesmo na fase adulta do animal, é importante promover interações com outros cães, pessoas e outros animais para garantir a manutenção das capacidades sociais do seu amigo de quatro patas. De forma prática, um animal que deixe de ter contactos sociais depois do período de socialização, poderá desenvolver medos de outros cães ou pessoas. Um cão que tenha uma experiência negativa com outro cão e que deixe de ser socializado pode desenvolver medo de outros cães. Deve ter-se em conta que, apesar de haver um período onde a socialização é facilitada, este é um processo que deve ser estimulado durante toda a vida do animal.

Um processo de socialização adequado de um cão vai ajudar na prevenção de diversos problemas de comportamento, dos quais são de salientar os comportamentos agressivos, ansiedade de separação, ansiedade generalizada e fobias sociais.

Contexto da Quinta Silfrohn

A Quinta Silfrohn promove a criação responsável. A criação em matilha, com cuidados sanitários reforçados e na presença de outros animais, promove o bem-estar animal, quer em termos físicos ou psicológicos.

A equipa da Quinta Silfrohn procura rodear-se de profissionais das mais diversas áreas ligadas ao bem-estar animal, procurando os conhecimentos mais avançados e diversificados.

Dedicando-se à produção de cães equilibrados, os membros da equipa Silfrohn promovem eventos de formação para proprietários. Estes eventos permitem, em paralelo, a socialização dos cachorros. A matilha Silfrohn é equilibrada e estável, otimizando a aprendizagem dos cachorros e das suas famílias.

Nestas condições, os Silfrohn aumentam a probabilidade de produzirem cachorros equilibrados.

Atenção

Esta informação não dispensa a consulta de um profissional (Criador, Treinador, Médico Veterinário) no sentido de definir um plano de socialização adequado a cada animal.